Acredito que, hoje, qualquer fã de rock vive em um triste estado de depressão. Primeiro, porque o gênero em si tem sobrevivido no marasmo e sem muita novidade. Segundo, porque o rock nacional já está morto.
Canções pop, funk e sertanejo estão subindo nas paradas e são, hoje, as mais ouvidas pelos brasileiros nos serviços de streaming. Para ser ter uma ideia, o sertanejo hoje corresponde a mais de 60% da audiência nas plataformas como Deezer e Spotify e mais de 70% no rádio.
É nesse cenário que te pergunto: cadê o nosso rock?
Pois é. Nós, os fãs, vivemos de saudosismo, lembrando e revivendo – e olha que isso vale até para quem nem viveu a época – tudo porque depois dos anos 2000, o gênero perdeu relevância e protagonismo.
De forma geral, o rock vive uma crise brutal. Em março de 2018, ocorreu mais uma edição brasileira do festival Lollapalooza, e adivinhe? Das três bandas de rock que encabeçavam o line up do evento, duas delas eram dos anos 1980 e 1990. Na lista das 200 músicas mais ouvidas no Brasil em 2016, a PRIMEIRA e ÚNICA música de rock que aparece é “Dona Da Voz”, da Banda Malta, em 129º lugar.

Se falassem que isso iria acontecer algum dia, eu duvido que alguém acreditaria. O rock foi o mais efervescente gênero musical. Desde os primórdios de Elvis Presley, na década de 50. Dez anos depois surgem os Beatles, os Rolling Stones e, ainda de quebra, teve Janis Joplin e Jimmy Hendrix à frente do icônico festival de Woodstock.
Já em 1970, chegou causando com o hard rock do ACDC, Queen e Aerosmith – com o heavy metal do Led Zeppelin e Black Sabbath – com o psicodélico do Pink Floyd e Genesis – e ainda com o punk dos Ramones e Sex Pistols. Na década de 1980, vimos nascer o new wave e o rock alternativo com The Smiths e New Order – e o pop rock com U2 e A-ha – sem falar do destaque que bandas como Guns N’Roses e Bon Jovi começaram a ganhar. Nos anos 1990, vimos o grunge tomar conta com Pearl Jam e Nirvana, e o pop- punk começar com Green Day, Blink 182 e Offspring. Para finalizar, em 2000, surgiu o indie rock com o The Strokes e nomes como Arctic Monkeys e The Black Keys.
As referências nacionais são tão fantásticas quanto. Por aqui tivemos Os mutantes e a Jovem Guarda, Raul Seixas, e o ápice foi com Legião, Paralamas, Capital, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Hawaii e muito outros. Depois tivemos Raimundos, Charlie Brown Jr., O Rappa, Jota Quest e Skank. O último suspiro foi mais tarde com Detonautas, Pitty e CPM22. E aí, te pergunto de novo, cadê nosso “roque enrow”?